Problema deve ser corrido por cirurgia em até 6h da torção para evitar danos.
A torção de testículo ocorre na imensa maioria das vezes entre 12 e 18 anos, mas pode se dar também durante a infância e na idade adulta, entretanto com muito menor frequência. A incidência é estimada em 1 para cada 4.000 homens.
É geralmente causa de muita preocupação para os pais, pois a criança ou o adolescente apresenta um quadro súbito de dor aguda e intensa na bolsa testicular, podendo irradiar para a região inferior do abdome e para a virilha. Náuseas e vômitos podem ocorrer devido à intensidade da dor, junto a um quadro de vontade de urinar frequente, levando eventualmente à hipótese de uma cólica renal por leigos. Geralmente a dor é contínua, mas pode cessar ou até mesmo ser intermitente caso a torção se desfaça de uma maneira espontânea, em especial quando ela não é completa.
Mas por qual razão o testículo torce?
Durante o desenvolvimento dos testículos na vida intrauterina, eles são fixados em um tecido dentro da bolsa testicular na sua porção inferior e na sua porção superior ele é suspenso pelo próprio cordão espermático. Quando essa fixação não ocorre de uma maneira adequada, ele fica com sua mobilidade no escroto aumentada e sujeito à torção no seu próprio eixo. Essa é a principal causa de torção de testículo, embora existam outras alterações anatômicas menos frequentes na região que também possam propiciar a torção.
Por que a torção ocasiona dor?
Isso ocorre devido à torção do cordão espermático no seu próprio eixo, que por sua vez contém as estruturas vasculares que irrigam o testículo, gerando uma redução importante da entrada de sangue arterial e rico em oxigênio, o que chamamos de isquemia testicular.
A entrada de oxigênio para o testículo cessa ou diminui abruptamente e em poucos minutos a dor inicia.
Geralmente a torção ocorre em períodos de repouso, muitas vezes durante o sono, fazendo com que o jovem acorde devido à dor aguda localizada na bolsa testicular. Pode ocorre também em períodos de atividade física. A torção pode variar de 180 a 720 graus (vários giros ao redor do seu eixo) e, quanto mais torcido, mais difícil é a chegada de sangue no testículo e, portanto, piores a isquemia e o prognóstico.
O que fazer se o seu filho jovem apresenta uma dor testicular aguda?
Nesses casos deve-se levá-lo imediatamente para uma emergência médica para ser avaliado clinicamente e por exame de imagem. Quanto menor o tempo da torção, melhor o prognóstico para se manter o testículo viável no escroto. O exame físico deve ser sempre realizado, mostrando uma bolsa testicular endurecida, avermelhada, aumentada de volume e o testículo afetado em posição discretamente mais elevada. O reflexo cremastérico, que é a tração superior do testículo por suave toque na face interna da coxa, costuma estar ausente. O exame diagnóstico considerado de eleição é o ultrassom doppler de bolsa testicular, pois ele é capaz de detectar a presença ou ausência do fluxo sanguíneo para o testículo.
Tempo de torção e prognóstico
Nessa doença o tempo para diagnóstico e tratamento cirúrgico é crucial para que o testículo afetado possa ser salvo. O período ótimo para fazer a cirurgia é até seis horas, com mais de 90% dos testículos salvos nesse prazo. A partir do momento que as seis horas são ultrapassadas, cada minuto conta, pois após 12 horas as taxas de sucesso podem chegar a apenas 20%, sendo virtualmente nula após 24 horas de torção.
Tratamento
O tratamento é sempre cirúrgico e com anestesia geral, embora algumas vezes o urologista consiga distorcer manualmente durante o exame físico com a palpação da bolsa testicular. Mesmo nesses casos, a tendência é que ocorram novos episódios de torção testicular, portanto, uma cirurgia programada deve ser feita para a fixação dos testículos no escroto.
Durante a cirurgia para a distorção do testículo, o cirurgião deve ter paciência e aguardar a recuperação da vascularização do testículo com compressa de água morna. Se após a distorção o testículo ganhar viabilidade novamente (a coloração azul dá lugar a uma coloração rósea no testículo), deve-se fazer a fixação na bolsa testicular não apenas do testículo torcido, mas também do testículo normal. Desta forma evitam-se novas torções testiculares no futuro.
Complicações da torção do testículo
A torção de testículo pode levar à perda da glândula devido a uma isquemia irreversível, mas pode também gerar uma infecção local e até mesmo a infertilidade naqueles jovens com testículos mantidos viáveis no escroto. A infertilidade é um ponto bastante importante, pois mesmo os jovens que conseguem ter seus testículos preservados pela cirurgia podem vir a apresentar uma dificuldade para engravidar suas parceiras por um espermograma alterado. Assume-se que em uma quantidade de casos possa existir uma associação do grupo de genes originando a má fixação dos testículos com a redução nas células produtoras de espermatozoides. Esse mesmo grupo de genes estariam ainda associados à origem da criptorquidia e do tumor de testículo. Desta forma, deve-se sempre avisar aos pais e aos pacientes para que se faça uma avaliação da fertilidade nos jovens adolescentes quando pertinente.
Fonte: Portal da Urologia