Rastreamento do Câncer de Próstata - Clínica Urostar

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Rastreamento do Câncer de Próstata

O câncer de próstata (CaP) permanece como a neoplasia sólida mais comum e a segunda maior causa de óbito oncológico no sexo masculino. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) preveem para o ano de 2016 no Brasil 61.200 novos casos, sendo o tipo de câncer mais incidente nos homens (excetuando-se o câncer de pele não melanoma) em todas as regiões do país, com 28,6% dos casos. Estima-se que quase 25% dos portadores de câncer de próstata ainda morrem devido à doença. (1)

Atualmente, cerca de 20% dos pacientes portadores de câncer de próstata ainda são diagnosticados em estágios avançados, embora um declínio importante tenha ocorrido nas últimas décadas em decorrência principalmente de políticas de rastreamento da doença e maior conscientização da população masculina. (2)

O rastreamento universal de toda população masculina (sem considerar idade, raça e história familiar) não parece ser a melhor abordagem. Apesar de associado ao diagnóstico precoce e diminuição da mortalidade, pode trazer malefícios a muitos homens. Individualizar a abordagem é fundamental neste sentido.

A identificação de pacientes com alto risco de desenvolverem a doença de uma forma mais agressiva através de parâmetros clínicos ou laboratoriais pode ajudar a individualizar a indicação e frequência do rastreamento. Entre diversos fatores, a idade, a raça e a história familiar apresentam-se como os mais importantes. (3)

Outro ponto é o oferecimento da observação vigilante como conduta na doença de baixo risco. Esta abordagem consiste em avaliações periódicas por meio de toque retal e dosagem do PSA, reservando-se a ressonância magnética da pelve e biópsia prostática para ser realizada em intervalos variados. O tratamento definitivo deve ser indicado caso seja identificada progressão da doença em pacientes com expectativa de vida superior a dez anos, poupando pacientes com tumores indolentes das consequências do tratamento.

Sobrevida global talvez não seja o melhor desfecho para se avaliar a eficácia do rastreamento. O impacto do rastreamento sobre a mortalidade câncer específica, a qualidade de vida, a diminuição de metástases, dor, internações por obstrução vesical, necessidade de quimioterapia ou tratamentos dispendiosos da doença na fase da resistência a castração e outros benefícios aqui não mencionados não podem ser avaliados nos trabalhos publicados.

Como esperado, as consequências da equivocada resolução da USPSTF nos EUA começam a aparecer. Trabalho apresentado no 2015 Genitourinary Cancers Symposium pode provocar ainda mais discussão sobre o tema e reforçar o papel do rastreamento. Foram avaliados retrospectivamente 87.562 novos casos diagnosticados entre 2003 e 2013 em 150 instituições nos EUA. Foi demonstrado que após a recomendação da U.S. Preventive Services Task Force (2011) contra o rastreamento houve um aumento de 3% ao ano no diagnóstico de tumores de risco intermediário e alto risco. (3) Outra publicação recente mostrou redução no número de diagnósticos de tumores agressivos, o que cria preocupação de que o diagnóstico tardio em casos de câncer de próstata de alto risco possa acarretar um maior impacto para a saúde pública e resultados oncológicos no futuro. (4)

A Sociedade Brasileira de Urologia mantém sua recomendação de que homens a partir de 50 anos devem procurar um profissional especializado para avaliação individualizada. Aqueles da raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar aos 45 anos. O rastreamento deverá ser realizado após ampla discussão de riscos e potenciais benefícios. Após os 75 anos, poderá ser realizado apenas para aqueles com expectativa de vida acima de dez anos.

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